Orixá, Imalè e Ebora
Orixá, Imale e Ebora
Orixá é uma palavra de origem yorubana, é utilizada para designar suas divindades.
Na umbanda, principalmente na doutrina seguida pelo Núcleo Mata Verde, designa seres espirituais de elevada condição espiritual; são os seres espirituais mais elevados da escala evolutiva.
São seres de pura luz espiritual (espíritos puros) e que recebem orientações diretamente do criador; são os responsáveis pelas sete hierarquias espirituais existentes na umbanda e que normalmente são conhecidas como as Sete Linhas da Umbanda.
Também são os seres primordiais da criação.
Hoje vamos discutir um pouco a origem africana do orixá.
O que é Orixá e qual o significado da palavra Orixá na concepção yorubana.
Para isso vamos recorrer a obras de escritores que conhecem profundamente a cultura e religiosidade africana, entre estes José Beniste e Pierre Verger.
Nos ensina José Beniste no livro “Orun e Aiye – o encontro de dois mundos” que os Yorubás designam as divindades servidoras da humanidade pelo nome genérico de Orixá, que é aceito pela modalidade de culto aqui estabelecido (Brasil) com o nome de Candomblé de Ketu ou Nagô, numa alusão conjunta às suas origens étnicas.
Esses seres divinos são de natureza complexa e sempre devem ser considerados em conjunto.
Alguns seriam divindades primordiais pela convivência com o Ser Supremo nos primórdios dos acontecimentos.
Outros são figuras históricas, reis, rainhas, fundadores de cidades que foram divinizados devido a atos relevantes ou ligações fantásticas com os elementos naturais – a terra, o vento, a caça, rios, mares, ervas, minerais.
São geralmente denominados Orixá, Irunmale ou Imalè e Ebora.
Outras formas de espíritos são cultuadas por representarem a personificação de forças da natureza ligadas a terra – Onile; às arvores – Iwin; às florestas – Àroni; à ancestralidade familiar – Oku orun ou Ésa; à personificação dos mortos – Egungun; ao poder gestador – Iyami; e aos poderes influenciadores da vida terrena – Oro e elenini.
A palavra Orixá é utilizada exclusivamente para definir as divindades, e nunca para formas de espíritos comuns que possuem suas próprias denominações…
Os Orixas representam a personificação das forças da natureza e dos fenômenos naturais: nascimento e morte, saúde e doença, as chuvas e o orvalho, as arvores e os rios.
Representam os quatro grandes elementos: fogo, ar, terra, água, e os três estados físicos dos corpos: sólido, líquido e gasoso. Representam ainda os três reinos: mineral, vegetal e animal, além dos princípios masculino e feminino, também presentes em sua representatividade.
Tudo isso representa o poder vital, a energia, a grande força de todas as coisas existentes e que é denominada Axé.
O Axé das forças da natureza é parte do Orixá, porque o seu culto é exatamente dirigido às forças da natureza.
O orixá é a parte disciplinada de tais forças, a parte que é controlada para formar um elo nas relações da humanidade com o Ser Supremo.
Outro elo é constituído pelos seres humanos que viveram na terra em tempos remotos, e mais tarde foram divinizados.
Esses personagens foram capazes de estabelecer o controle sobre a força natural atraindo para si mesmos e sua gente a ação benéfica do Axé, e dirigindo este poder adquirido em defesa de seu povo.
Essa dupla visão das divindades faz criar duas formas de estudo: a dos Orixás Primordiais e a dos antepassados divinizados; é uma justificação para o número de divindades existentes.
O censo exato do panteão ninguém está apto a responder.
Os cálculos revelam a existência de 200, 400, 600, 1700 ou mais divindades.
Algumas são imensamente cultuadas, enquanto outras são apenas de importância local.
Devemos considerar que a teogonia yorubá revela que, no começo, havia somente poucas divindades.
Os Orixás eram reverenciados pelos seus nomes “principais”, não havendo referências a outras facções do mesmo orixá, aqui no Brasil denominadas de “qualidades” de orixá.
Em relação ao significado da palavra Orixá, há uma tendência a se aceitar a origem do nome Orixá como uma modificação fonética da palavra ORÌSÈ, que é uma abreviação da frase “Ibiti orí ti sè” (A origem ou fonte do orí).
Orí é o nome para a cabeça física do homem, mas neste caso refere-se à essência da personalidade.
Assim a origem ou fonte de todo orí seria o Ser Supremo – Olodumare – ou o Grande Orí, do qual ori deriva, visto que Ele é, na verdade, o doador de todo orí.
Outro nome muito comum e que designa o conjunto de divindades yorubá é Irunmale, com suas variantes imale ou imole, muito frequente nos textos de Ifá.
Sua origem pode estar conectada com as divindades ou espíritos específicos da Terra, uma categoria diferente da de Orixá.
Imale, sendo uma contração de “Emò ti bem nilè”(os sobrenaturais da Terra), passou a ser usado de forma imprecisa, perdendo sua conotação inicial e tornando-se sinônimo de Orixá.
Ebora é uma outra denominação usada para definir as divindades. “Os Oríxas e os Ebora são intermediários entre Olodumare e os seres humanos, e recebem por delegação alguns de seus poderes” (Verger, Orixás, p.21).
Em Os Nagô e a Morte, a autora diz: “O termo ebora quase desapareceu no Brasil e chamam-se orixá todas as entidades… Os Ebora constituem os duzentos irunmale da esquerda, encabeçados por Oduduwa…”(PP. 79-80). No Dictionary of Modern Yoruba, Abraham define: “Ebora – um tipo de Egungun” (p.172)
Finalizamos nosso estudo destacando o cuidado que devemos ter em utilizar corretamente dentro da umbanda os conceitos apresentados acima: Orixá, Imale e Ebora.
Quando falamos em orixá nos estudos da doutrina umbandista dos sete reinos sagrados, estamos sempre nos dirigindo aos orixás primordiais, que se manifestam na natureza através do seu axé conforme mencionado acima.
São Vicente, 10/08/2014
Eu tenho algumas dúvidas
Se fossemos comparar a hierarquia da Umbanda com a hierarquia Católica, seriam os Orixás, Arcanjos?
Agora numa visão geral Orixás e Arcanjos, numa visão umbandista, estão no mesmo grau ou Orixá ainda está acima?
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